Há mais de cinco mil anos que se bebe chá, e a origem da bebida está num acaso. Num dia de muito vento, por volta do ano de 2700 a.C., um imperador chinês preparava-se para beber a sua água fervida quando umas folhas pousaram no interior do recipiente onde a água estava a ser preparada. O imperador, que era também um estudioso de plantas, decidiu experimentar e achou a bebida muito revigorante e estimulante, ou seja, sentiu que aquele preparado poderia ter propriedades terapêuticas.
Mas nem tudo o que sejam ervas, plantas ou raizes fervidas em água deveria ser considerado chá. Na verdade, o verdadeiro chá provém de um arbusto, o camellia sinensise, do qual se conseguem extrair diferentes tipos de chá como o preto, branco ou verde. Para a naturopatia, só as bebidas derivadas desta planta devem ser consideradas como chá.
Contudo, por vezes torna-se confuso. Será que estamos a beber um chá ou uma infusão? Devemos falar de infusão quando utilizamos outras plantas que não derivam da camellia sinensis, como a hortelã, a cidreira, a erva de São Roberto e muitas outras. Tudo o que for derivado deste arbusto, como é o caso do chá preto ou verde, é considerado chá.
Para fazer uma infusão utilizamos estas plantas deitando água quente (não a ferver) sobre elas sempre com o cuidado de tapar a infusão durante 5 a 10 minutos. Neste processo, o objetivo é passar para a água os óleos essenciais de cada uma das ervas para obtermos todos os seus benefícios.
Hoje em dia, tanto o chá como as infusões são bebidas apreciadas em todo o mundo.
Em Naturopatia, muitas plantas são usadas em tratamentos naturais. Pode ser através de cápsulas (fitoterapia), remédios homeopáticos, ou mesmo infusões ou chás. A decisão terapêutica vai depender da planta, do objetivo terapêutico e do paciente.
Na minha prática clínica, gosto sempre de complementar a alimentação com algumas plantas e, muitas vezes, sugiro que elas sejam tomadas em forma de infusão. Estas são algumas das plantas que costumo aconselhar:
Rosmarinus officinalis
Mais conhecido por Alecrim, é uma planta utilizada em transtornos digestivos, circulação e dores reumáticas. Esta planta tem ainda tido resultados excelentes em casos depressivos.
Baccharis trímera
Vulgarmente conhecida por Carqueja, é uma planta que vai atuar ao nível da função hepática. Melhora o perfil glicémico e tem uma ação anti-inflamatória.
Equisetum arvense
Também conhecida por Cavalinha, é uma planta diurética com uma ação depurativa que tem apresentado bons efeitos em caso de infeções bacterianas e inflamação das vias urinárias.
Rica em sais de silício, esta planta tem uma ação importante na composição dos ossos, unhas, dentes e pele.
Zingiber officinalis
Conhecida por Gengibre, é excelente para transtornos gastrointestinais, impede a formação de úlceras e atua como anti-inflamatório e antibacteriano.
Mentha piperita ou Hortelã Pimenta
Tem efeitos notáveis nos transtornos digestivos como flatulência e gastrite. A Hortelã Pimenta também pode ser consumida por pessoas com transtornos espasmódicos da vesícula biliar.
Ilex paraguariensis
Conhecida por Mate. As suas folhas são utilizadas em caso de cansaço físico e mental. Rica em cafeína, esta planta vai estimular o sistema nervoso central e a função cardiovascular. É muito utilizada em dietas para perder peso, uma vez que a cafeína aumenta a combustão dos ácidos gordos.
Salvia officinalis
A que muitas pessoas chamam simplesmente, Salva. Esta planta, é utilizada para transtornos funcionais do trato gastrointestinal, para sudação excessiva e inflamação da mucosa bucal. A Salvia tem uma ação antimicrobiana, anti-inflamatória e cicatrizante.
No entanto e porque as plantas são muito poderosas devem ser sempre aconselhadas com precaução. Ao leitor, aconselho-o sempre a questionar um profissional de saúde sobre as interações ou efeitos secundários que possam surgir da ingestão de qualquer planta. Cada pessoa é única e, o que é muito bom para um, pode não ser o ideal para outro.
Texto de: Madalena Caeiro (naturopata)